sexta-feira, 18 de maio de 2012

Das cartas que eu não escrevo mais (a série)

NÃO É SÓ UM TEXTO DE AMOR 

Um texto de amor é só um texto de amor quando pra você não é escrito; é um texto qualquer quando em você não é inspirado. E cá estou eu, dessa vez pensando nas cartas que já te escrevi, exatamente naquelas tristes que já te escrevi e não dá outra: me vem uma forte vontade de entrar em seu quarto, depois nas suas coisas, depois nessas cartas. Entrar como vento, pela janela, te visitando à noite, enquanto você dorme, e te dizer coisas de amor no seu ouvido. Em seguida, me esconder nos seus armários. Te esperar...

Pois é! Fiquei me lembrando daquelas cartas... Como pude esquecer de te dizer que você é a prova de que não há como duvidar da existência do amor? Simples assim... Coisas simples, sim, mas não sei te dizer metáforas batidas, passadas, grandes eufemismos, na verdade. Coisa simples já é eu me pegar em encabulamentos: te olhar, assim, sem me cansar. Te adivinhar...

Porque não há como te odiar por muito tempo, ainda que pouco tempo seja, na verdade, muito. Porque aí teus olhos descrevem suas vontades e a falta dos meus, e eu percebo, sinto, leio. E te olho mais e mais com ternura, contentamento e encanto. Contemplo você, contemplo a vida, sua vida, bilhetes, recados, músicas, as nossas músicas. Sentir falta...

Senti falta. Você faz muita falta e não haveria outra maneira de ser. Afinal, uma metade de mim é você; a outra metade é saudade de você. E ter saudade de você permite que eu chegue mais perto... Me faz gritar ao mundo, silenciosamente... Que a metade de mim que é você permite que eu seja um eu criança, puro, livre e limpo; permite que eu seja o eu doce, aquele que a vida me impede de ser.

2 comentários:

Danyella Carvalho disse...

Um texto de amor só não é um texto de amor para quem o escreveu. Só se sabe ao certo a intensidade se um sentimento, quem o sente. Quanto a vida, ela nos permite tudo. Até amar. Até sofrer. Até não ser.

Lana Costa disse...

:) Carlos Alexandre Cavarzan, lhe declaro um quase Chico Buarque :) :*

muito bom sempre!