tag:blogger.com,1999:blog-36346407304744368262024-02-07T08:26:19.016-03:00Beco das PalavrasCinema, música, teatro, livros. Personagens, ruas, humanos, cidade. Cultura e sociedade em notas, mini-reportagens, resenhas, perfis, imagens! O beco aconchegante das palavras!Unknownnoreply@blogger.comBlogger26125tag:blogger.com,1999:blog-3634640730474436826.post-26665763575795169332014-07-10T01:17:00.001-03:002014-07-10T01:17:21.977-03:00Segundo Ato<br />
<div style="text-align: right;">
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">(Para ler ao som de Glory Box – Portishead.)</span></div>
<br style="background-color: white; color: #333333; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">A chuva, lá fora, cada vez mais forte e as trovoadas já não são mais ruídos na sinfonia de nossos sussurros e gemidos. Chega de ensaiar maiores delícias. Estamos, agora, em pé; nossos corpos colados, nossos sexos se encostam com fervor. Próximo a cama que foi palco do primeiro ato, te seguro pela nuca e vou subindo até pegar teus cabelos, lentamente. Puxo-os e te viro de costas para mim. Minhas mãos seguem o passeio pelo teu corpo, ávidas, enquanto minha respiração está na tua nuca, e passo a beijá-la ali por trás, alternando com mordidas em tua orelha. Minha mão esquerda repousa em teu seio e minha mão direita permanece a viagem rumo ao teu sexo, onde ela rapidamente se encontra e então te toco sem demora com meus dedos nervosos em teus lábios molhados. Já estamos loucos de tesão! Meu membro segue encostado em teu sexo por trás, como quem já houvesse encontrado tua morada. Mas ainda está na porta, aguardando o momento de inaugurar este nosso segundo ato.</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">O momento chegou. Abruptamente, puxo teus cabelos e te encosto na parede do quarto, sem pestanejar. Você ensaia um movimento de fuga e te pressiono então com mais força contra a parede. Nossos músculos retesados, o grande músculo pronto para entrar na sua morada. Afasto tuas pernas e, nesse momento, você aproveita de meu descuido para tentar novo interdito. Sem sucesso! Consegue correr, mas a porta está trancada. Colo meu corpo novamente ao teu e prossigo. Você se vira de frente, unindo-se ainda mais, e me olha absorta, estremecida, assumindo teu desejo. Meu pênis duro, há muito avermelhado, sabe que é chegada a hora. Afasto com força tuas pernas e coloco-o para entrar em você, lentamente. E entro rasgando, colocando tudo e preenchendo tua profundeza, enquanto nossos gemidos se encontram e nossos músculos se retesam ainda mais. Já estamos levitando de tesão.</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">Você abocanha com teus lábios debaixo, cobrindo todo o comprimento de meu pulsante. Mantenho o ritmo moderado dos “vai-e-vens” até o ponto em que você tenta, mais uma vez, fugir de tua vontade. Te busco com mais força, beijo com desejo teus grossos lábios e te pressiono novamente contra a parede. Entro novamente em você e os sussurros de antes dão lugar aos nossos urros descomunais. A palpitação já segue um descompasso. Penetro triunfal em teu sexo e minha boca procura teus seios, perfeitamente redondos e fartos, e os chupo com desejo! O vai-e-vem febril lá de baixo segue o mesmo ritmo da minha língua, que agora está em teus mamilos entumecidos!</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7Tzpv4lTEf1S7_sOuKrbIwI245m9Km27oO39jBtIqKr83y5iinyFGotmmMd7_8VLBuV6NBd1dI8UmiIZwa9GrX_Wy-xmiw1nQP5pyqH3HqhnpziJVJRwVDZpu2t7NNKQKOVJAILwB_jor/s1600/10346530_661872463899245_4915293746328303874_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7Tzpv4lTEf1S7_sOuKrbIwI245m9Km27oO39jBtIqKr83y5iinyFGotmmMd7_8VLBuV6NBd1dI8UmiIZwa9GrX_Wy-xmiw1nQP5pyqH3HqhnpziJVJRwVDZpu2t7NNKQKOVJAILwB_jor/s1600/10346530_661872463899245_4915293746328303874_n.jpg" height="214" width="320" /></a></div>
<br style="background-color: white; color: #333333; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">Meu corpo pulsa como nunca. Sem qualquer moderação, sigo dentro de você, onde escrevo minhas melhores palavras e minhas lentes procuram teus melhores ângulos. Depois de meter com força mais umas quatro ou cinco vezes, você resolve tomar partido e, então, segura o latejante membro como quem sabe o que faz e brinca de coloca-e-tira algumas vezes, ao passo que nos olhamos ardentes. Então, você o segura mais forte e me puxa por ele em direção a cama, palco daquele primeiro ato. Me corre sob a pele uma inquietante gana de te ter ali de novo sobre aquele lençol. E me joga sobre ele, fazendo-me pronto novamente para te receber inteira. </span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">E você vem, insinuante, dona da situação, ficar sobre mim. Antes, porém, brinca mais um pouco, me tocando, mantendo a tumescência intacta. Alguns segundos depois, de joelhos e pernas abertas, e desce para o encaixe perfeito. Minhas mãos quentes acariciam teus mamilos e em seguida descem pela tua cintura e agarro tua bunda com força para participar do comando. Já entro com toda facilidade em você, que a partir daquele momento rebola como ninguém ali em cima, onde o prazer reina. O ritmo aumenta e estamos mais ofegantes. Já não se ouve mais a chuva lá fora. Tudo está mais forte, subindo e descendo num acontecimento sublime. Você me sente dentro e grita que eu continue mais e mais e mais forte, até que o gozo venha! E ele vem, quente e inteiramente dentro de ti. Nossos corpos nus e entrelaçados assistem agora à passagem veloz das horas extasiados de prazer...</span>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3634640730474436826.post-77143759695532223632012-12-12T21:27:00.002-02:002012-12-12T21:47:14.922-02:00Juro corresponder teus beijos<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgn7rxLDeupN9Xz-_Y2C9IRPYwddyO2-o7qEfJHzeTDLjl-4OztJFhmfwu_HgIRaqGlXMqnBSZyWg2Sw5OcDG6TUSgA6vZ0QQM73KDnVGEalvogoE0fU6kpIkUxUQ6qG9aloDxZzYx1EUQq/s1600/erotismo_46870.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="223" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgn7rxLDeupN9Xz-_Y2C9IRPYwddyO2-o7qEfJHzeTDLjl-4OztJFhmfwu_HgIRaqGlXMqnBSZyWg2Sw5OcDG6TUSgA6vZ0QQM73KDnVGEalvogoE0fU6kpIkUxUQ6qG9aloDxZzYx1EUQq/s320/erotismo_46870.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; text-align: justify;">
<br /></div>
Eu juro corresponder a cada carícia e toques pelo meu corpo: iniciando em meus pequenos pés, subindo por minhas pernas brancas que, segundos depois, usarão teus ombros como apoio.<br />
<br />
Cada toque, cada descoberta delicada em meu íntimo será devidamente sentida, com a ânsia de uma mulher que, diferente de muitas outras, implora desesperadamente para que seu tesão esteja sempre na ponta da língua. E por lá, tenha a delicadeza de ficar o tempo suficiente para me enlouquecer e invertermos as posições.<br />
<br />
Agora, com você por baixo de mim, é minha vez de tocá-lo, de sentar no seu íntimo enquanto rebolo lentamente. Nesse instante, você gemerá com sinceridade, morderá os lábios, apertará meus braços, seios, e me puxará para si com desejo. Beijará meus lábios com desejo. Línguas lutarão dentro das bocas. Subirá as mãos pelo meu pescoço e agarrará minha nuca, meus cabelos. Inverterá a posição novamente.<br />
<br />
Assim, ofegante, abrirá minhas penas e me penetrará com todo frenesi, enquanto gemerei como uma bela atriz mexicana, até que seja depositado em mim todo seu desejo reprimido.
Depois, dormiremos.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3634640730474436826.post-7469914770716817012012-06-22T20:33:00.000-03:002012-06-22T20:33:03.966-03:00Das lágrimas que ainda caem<span style="color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; text-align: left;">Pelos olhos daquele rapaz é que se pode ver a sua dor. Uma dor forte que ele não sabe explicar. Não inventaram medidores para isso. Somente mesmo pelos seus olhos marejados é que se pode ver toda aquela angústia. Olhos cansados de quem lutou. Olhos cansados de olhar para o além. E uma dor que ele sabe de cor. Ele sabe... Aquelas pontadas no peito... Não é a primeira vez; tampouco será a última. É </span><span class="text_exposed_show" style="color: #333333; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; text-align: left;">assim como se alguém enfiasse um punhal, rasgando o seu coração e ficasse num movimento incessante de vai-e-vem com aquele instrumento cortante, fazendo-o sangrar, sangrar muito. E jorra sangue que tinge os olhos. Olhar avermelhado de dor, avermelhado de choro. Latente e latejante, a dor não passa. Nem quando aquele rapaz fecha os olhos cansados para, com muito custo, dormir. Dor de um bom rapaz, sim. Dor de um rapaz que amou muito. Dor de substituição.</span>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3634640730474436826.post-91106678760635266462012-05-25T12:08:00.001-03:002012-05-25T17:26:53.819-03:00Das lágrimas que não caem mais<div style="text-align: justify;">
Hoje, vendo as sábias ondas quebrando na praia, enquanto a brisa me tocava a pele, chorei. Hoje eu chorei por tudo aquilo que fomos tantas vezes: amor estranho amor. Verdadeiramente, hoje eu chorei pelo que não fomos. Ou porque deixamos de ser a partir de determinado momento que não sei bem qual. Hoje eu chorei as últimas lágrimas para me aliviar de algum aperto, desses que me chegam do nada. Pelo lugar-comum que fomos e pelo lugar nenhum a que chegamos. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Chorei por todas as vezes em que me tratou com grosserias sem razão. Por todas as vezes que desligou o telefone na minha cara, no exato momento em que as minhas palavras, embora estivessem sendo ditas ao calor de uma discussão, mereciam alguma atenção. Chorei por todas as ocasiões em que fui muito seu e você pouco minha. Por todas as vezes em que tirou a sua mão da minha para levar sorrisos a outrem, deixando-me na condição de segundo plano. Chorei por cada ausência tua quando eu mais precisei. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Hoje eu chorei por todas as vezes em que não quis entrar em minha casa e conviver com os meus. Por todos os momentos em que esteve out, você que é tão dada à esquisitices. Hoje eu chorei por todos os seus “nãos” revestidos de “sim”. Chorei muito pelo sexo que não descobrimos. Pela viagem que não fizemos. Pelo filme que não fomos assistir. Pela rosa que dispensou. Pelos dias em que não quis me ver. Pelo texto que te escrevi e que você não guardou. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Vendo aquelas ondas, eu chorei. Por todas as noites em que me senti sozinho ao seu lado. Pelos planos que não fizemos. E pelos planos que fez sem incluir-me. Pelo que eu não consegui ser, sendo. Pela sorte que não fui e pela sorte que não tive. Pela falta que não fiz. Pela entrega que não teve. Hoje, chorei vendo as ondas rolarem e, assim, deixei que minhas últimas lágrimas também rolassem, uma a uma, rumo à areia da praia que nunca fomos. Chorei, sim. Sobretudo porque, chorando, eu refaço as nascentes que você secou quando estive à mercê de teus maiores caprichos.</div>Unknownnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3634640730474436826.post-50900373772556439122012-05-23T17:27:00.002-03:002012-05-23T17:43:12.306-03:00A Bossa do Senhor de HistóriasOlá, amigo ou amiga que me acompanha no Beco! Escrevi um “relato-reportagem-perfil”
de Carlos Alberto Afonso e sua Toca do Vinicius, que fica em Ipanema, na cidade do Rio de
Janeiro. A Toca é o Centro de Referência da Bossa Nova. O texto é fruto de
minhas visitas ao espaço durante os quinze dias em que estive na cidade
maravilhosa, no último abril. A ideia inicial era escrever alguma coisa para este Beco das Palavras, mas como não tive quaisquer limites na produção, deixei
que ela fluísse e o escrito acabou ficando mais longo que de costume. Para não
picotá-lo e publicá-lo em várias partes, decidi fazer uma diagramação simples e colocar o texto na íntegra para ser visualizado no sistema do site Issuu. É só clicar aí embaixo, abrir e
expandir a publicação e se deliciar com um pouco da história do Sr. Carlos
Alberto, de sua Toca e da Bossa Nova.<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<div>
<object style="height: 260px; width: 420px;"><param name="movie" value="http://static.issuu.com/webembed/viewers/style1/v2/IssuuReader.swf?mode=mini&backgroundColor=%23222222&documentId=120523201139-4be723e58746420ca8adcdb223d182fb" />
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<div style="text-align: left; width: 420px;">
<a href="http://issuu.com/carlosalexandrecavarzancamelo/docs/a_bossa_do_senhor_de_historias?mode=window&backgroundColor=%23222222" target="_blank">Open publication</a> - Free <a href="http://issuu.com/" target="_blank">publishing</a> - <a href="http://issuu.com/search?q=bossa" target="_blank">More bossa</a></div>
</div>
<br /></div>
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<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3634640730474436826.post-80351286135926364952012-05-18T10:22:00.000-03:002012-05-18T10:24:06.017-03:00Das cartas que eu não escrevo mais (a série)<span style="background-color: white;"><span style="color: #45818e;"><b>NÃO É SÓ UM TEXTO DE AMOR</b> </span></span><br />
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Um texto de amor é só um texto de amor quando pra você não é escrito; é um texto qualquer quando em você não é inspirado. E cá estou eu, dessa vez pensando nas cartas que já te escrevi, exatamente naquelas tristes que já te escrevi e não dá outra: me vem uma forte vontade de entrar em seu quarto, depois nas suas coisas, depois nessas cartas. Entrar como vento, pela janela, te visitando à noite, enquanto você dorme, e te dizer coisas de amor no seu ouvido. Em seguida, me esconder nos seus armários. Te esperar...<br />
<br />
Pois é! Fiquei me lembrando daquelas cartas... Como pude esquecer de te dizer que você é a prova de que não há como duvidar da existência do amor? Simples assim... Coisas simples, sim, mas não sei te dizer metáforas batidas, passadas, grandes eufemismos, na verdade. Coisa simples já é eu me pegar em encabulamentos: te olhar, assim, sem me cansar. Te adivinhar...<br />
<br />
Porque não há como te odiar por muito tempo, ainda que pouco tempo seja, na verdade, muito. Porque aí teus olhos descrevem suas vontades e a falta dos meus, e eu percebo, sinto, leio. E te olho mais e mais com ternura, contentamento e encanto. Contemplo você, contemplo a vida, sua vida, bilhetes, recados, músicas, as nossas músicas.
Sentir falta...<br />
<br />
Senti falta. Você faz muita falta e não haveria outra maneira de ser. Afinal, uma metade de mim é você; a outra metade é saudade de você. E ter saudade de você permite que eu chegue mais perto... Me faz gritar ao mundo, silenciosamente... Que a metade de mim que é você permite que eu seja um eu criança, puro, livre e limpo; permite que eu seja o eu doce, aquele que a vida me impede de ser.Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3634640730474436826.post-70836133759289375432012-02-24T00:25:00.006-02:002012-02-26T14:20:46.040-03:00Juro beijar teu corpo<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipVqzmq9cVGauPzav6_JfdA75MTBjkilIoqKcCw8OGFOSmDMSfoZ2GVbI4OfDVOJzl6i2TRlaHuaxoAWQU4qrGFPJPFfwWTTdyPeIFpNYm_T5FE7or_Xo4cCqoh_qrkjiGPWzpSkLn_IQT/s1600/erotismo-03.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 192px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipVqzmq9cVGauPzav6_JfdA75MTBjkilIoqKcCw8OGFOSmDMSfoZ2GVbI4OfDVOJzl6i2TRlaHuaxoAWQU4qrGFPJPFfwWTTdyPeIFpNYm_T5FE7or_Xo4cCqoh_qrkjiGPWzpSkLn_IQT/s320/erotismo-03.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5712523121691837922" /></a><br />Eu juro beijar teu corpo sem descanso. Mas antes, não hesito em deixar com que minhas mãos viajem por ele, como se eu pudesse te desenhar toda nua. Enquanto isso, meu corpo estará pulsando, intenso. Vou começar pelos teus pés. Vou acariciá-los com devoção. Sem pressa, sigo para tuas pernas. Belas pernas, torneadas, lindas, brancas... Como eu sei adorá-las! Minhas mãos serão andarilhos percorrendo tuas ruas, tuas avenidas, teus becos. Sem rumo definido. E nos teus meios-fios, repousar essas minhas mãos estremecidas, inquietas. E neste momento meu corpo já estará aos berros, ardendo em febre, ensaiando maiores delícias. <br /><br />Sigo a minha viagem, passando por tuas coxas, onde faço mais uma parada... Engano meu, não paro, e minhas mãos começam a fazer um movimento indeciso, suave, ainda que cada vez mais quente. Indecisas também são tuas coxas, que se movem atônitas sobre meus ombros, refletindo o arrepio em meu corpo, que a esta altura é teu também. Vejo teu sexo, tua rosa perfumada, e estes teus lábios já pedem beijo. Mas não tenho pressa. Minha respiração ofegante junto a tuas curvas cálidas promove uma sinfonia delirante. Ainda estamos calmos, porém. Tuas mãos ansiosas, em mim, aumentam o ritmo. Lençóis em desordem assistem a ordem natural de nossa ânsia, de nossos músculos retesados. <br /><br />Enroscamos nossos corpos, reviramo-nos. Estás sobre mim e minhas mãos prosseguem o passeio, deslizando sobre teu ventre e subindo, subindo, ora descendo, mas inquietamente subindo, desejando-te com calma e mudo. Teus seios, volumosos seios, estão nas minhas mãos, que agora se sabem ainda mais estremecidas, mais tórridas, incontroláveis. Acariciam as tuas duas luas cheias, intercalando com apertos que fazem de nossos corpos uma percussão inebriante. Sem descanso, eu juro, então, beijar teus seios. E sugá-los com fervor. É quando minha língua conquista o direito desta viagem, fazendo o caminho de volta. Nosso suor encharca nossos pelos e teu corpo brilha ainda mais. Enquanto minhas mãos se mantêm em teus seios, acariciando teus mamilos há muito já endurecidos, minha língua desce e te planto no ventre mil beijos.<br /><br />Paro e, loucamente, procuro teus lábios de cima. Puxo teus cabelos e te beijo com força e demora. Continuo a viagem, austero, novamente descendo, beijando cada milímetro de tua epiderme macia e molhada. Perdemos a noção da hora. Escorrem pelas mãos o suor e o tempo. Lá fora, fazia sol, agora chove. É tarde, mas a noite já terá trancado a porta. Nossa mudez dá lugar aos nossos gemidos em sincronia. Nossa nudez pulsa alegre. Deito-te oposta a mim e, com tuas pernas novamente sobre minhas coxas, busco teus lábios de baixo, teu sexo, tua flor. E minha boca a beija longamente, explorando as minúcias. Sinto o cheiro, sinto o gosto, sinto-te. E minha língua se põe em vai-e-vens circulares, lambendo-te inteira e derramando todo meu frenesi...Unknownnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3634640730474436826.post-45720175783548136472012-01-14T22:37:00.002-02:002012-01-30T01:36:56.815-02:00Das cartas que eu não escrevo mais (a série)<strong><span style="color:#336666;">SEM DAR AVISO</span></strong><br /><br />Sem dar aviso, você chegou. Chegou e, sem que precisasse bater à minha porta, entrou. Uma camiseta, um encontro inesperado, numa tarde de terça-feira aparentemente como uma outra qualquer... Como essas coisas inexplicáveis que acontecem. Inexplicáveis, sim, mas que, nem por isso, deixamos de ousar falar sobre elas. Ou mais que isso: deixamos de ousar vivenciá-las.<br /><br />Pois você foi entrando e, sem que fosse preciso convite algum, foi me descobrindo... Me resgatando. Você resgatou em mim o ar de contemplação. Eu, por minha vez, sem titubear, quis te descobrir da mesma maneira, da melhor maneira. E nos descobrimos bestas. Sem que um soubesse que o outro assim se encontrava, no primeiro momento. <br /><br />Apenas e tão somente no primeiro momento. Porque nos flagramos, em seguida... Nos flagramos sem fala, sem reação, nas nuvens, sonhando juntos, em paz... Reparo cada gesto teu, cada movimento, teus olhos doces... Atitudes que me deixam estremecido, boquiaberto. E assim, você passou a ser a cúmplice de tudo que eu fiz, faço e vou fazer! Sem dar aviso!<br /><br />Porque você é assim, um misto de menina e mulher... A pureza da criança e a destreza de gente grande. E eu, palhaço desengonçado, do circo aparentemente sem futuro, do retrato em preto-e-branco, do sorriso escondido, voltei a brilhar perto de ti. Porque você me traz o ar que me faltava. Um sopro de vida! <br /><br />Tanto que fico sempre acometido de uma gostosa indecisão quando do teu lado fico. Não sei se te olho, não sei se sinto teu cheiro, não sei se te cubro de beijos, não sei se te abraço; não sei, na verdade, o que fazer primeiro. Sei que mergulho nos teus olhos, no teu sorriso que me desmonta e no seu carinho que, em seguida, me remonta como nunca antes houvessem conseguido. <br /><br />Sem dar aviso, você chegou! Chegou e, agora, me conjuga no tempo verbal mais-que-perfeito. Dessa maneira, vamos construindo nossa casa de sonhos. Sonhos lindos que não me canso em viver, em realizar. Simples, leve e feliz. Brilhando mais forte. Ao teu lado!Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3634640730474436826.post-48824685919543519782011-12-20T15:55:00.001-02:002011-12-20T16:00:17.702-02:00Das cartas que eu não escrevo mais (a série)<strong><span style="color:#336666;">MOÇA, OLHA SÓ O QUE EU TE ESCREVI</span></strong><br /><br />Foi tudo isto que eu cacei durante algum e bom tempo: de borboletas a papel de caderno com poemas riscados. Não penso mais na carta ou no poema que não te escrevi, muito menos naquela flor que não foi entregue em suas mãos. Há tantas cartas e tantas flores, e lindas flores que, estas sim, são suas porque foram por mim dadas. Sim, é claro, eu ainda falo de flores, de várias agora, não mais de apenas uma, porque...<br /><br />Há algo diferente no ar... Afinal, eu mudei de tom. Você mudou de tom. Colorido agora? Preto-e-branco já foi, era, já passou... Uma surpresa? Uma capacidade de te abalar, de te deixar assim, meio boba? Desconcertada, seria a palavra mais certa, não? Desconcertado fico eu e, assim, meus olhos ficam a procurar os seus; e a procurar seu rosto esperando que você os arranque de mim para que, logo em seguida, coloque-os de volta. <br /><br />Ainda falo dos encontros que não aconteceram e dos desencontros, porque são tantos. Porém, ouso agora pensar nos que aconteceram, no filme que vimos, do jeito que vimos, da maneira que sentimos. Afagos, sua voz, mãos que tanto me estremecem, sorrisos, momentos, violinos, balbucias... Mesmo que por pouquíssimo tempo, os violinos souberam cantar a beleza do momento, ainda que com som triste. E assim foi exatamente o momento: belíssimo. Tudo isso eu costumo chamar de... caprichos do tempo.<br /><br />Capricho do tempo... É pensar, além de tudo, que hoje vivemos o presente daquilo que imaginamos ser futuro há quase cinco meses. É, não há mesmo necessidade em se entender quando a palavra já é certa, na hora certa, no tempo verbal certo, talvez mais-que-perfeito. E o acaso nada tem a ver no nosso caso. Sim, de uma vez por todas, este é um caso sem acaso. Sabemos o que fazemos. E do nosso amor a gente é que sabe, mesmo.<br /><br />Porque descobri que se eu quebrar, você se arrisca. Que se eu quebrar, você me cola, sim, e me reinventa. Você me cola, me cala, me cuida, me completa, me espalha, e desconcerta, porque é você que sabe como ninguém. Ou eu é que sei te fazer isso tudo? É, acho que quando quebramos você faz com que nos juntemos completos, assim, dessa forma.<br /><br />Eu sei que naquele jardim devia ter muitos insetos, que não aquela, aquela mesma... E já que não podemos fazer com que essa mesma borboleta, de muito tempo atrás, volte até nós e nos encontre, deixe então que eu a pintarei pra você, com as mesmas cores de agora. E então será eternizada como algo que não era só uma borboleta, assim como é eternizado tudo que eu já te escrevi, ou que escrevi porque você, simplesmente, existe.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3634640730474436826.post-12125252525347339972011-11-15T20:48:00.004-02:002011-11-15T20:54:36.898-02:00Sobre "Caminho de Pedras", um filme de Lázaro Ribeiro<div style="text-align: justify;">Cidade de Goiás, a Cidade-Patrimônio! Dos velhos e novos encantos! Dos museus, do Palácio Conde dos Arcos, do casario colorido, das igrejas, da Procissão do Fogaréu, das serenatas em noites de lua cheia, do nascer e por do sol vistos lá do alto da Igreja Santa Bárbara. Da Praça do Coreto, do Chafariz de Calda, da Cruz do Anhanguera, dos caminhos de pedra, das doceiras, das pontes, dos becos e das ladeiras que engrossam as pernas das donzelas. Da permanência e da transição. Cidade em que até o profano se reveste de sagrado. E onde a moça feia, de nome Aninha, a velha Cora Coralina que ganhou o mundo, se abonitou em poesia.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O curta-metragem Caminho de Pedras tem, assim, o seu mérito, ao ser a primeira ficção baseada na obra da poetisa mais famosa do estado de Goiás. E nos caminhos de Aninha, por entre becos e outras histórias. Um roteiro bem escrito. Imagens exuberantes, montagem interessante, ângulos inusitados. Tudo pensado e feito com bastante cuidado e paixão pelo diretor Lázaro Ribeiro. Tive a oportunidade de acompanhar um pouco desse processo quando morei na antiga Vila Boa e posso dizer, sem pestanejar, que Lázaro é um vilaboense de coração. Caminho de Pedras é a sua grande prova de amor à cidade e à vida e obra de Cora Coralina.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div>Veja o trailer:<br /><br /><iframe width="400" height="220" src="http://www.youtube.com/embed/vZw6ijtk-VM" frameborder="0" allowfullscreen=""></iframe>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3634640730474436826.post-89657037903195812242011-10-30T12:09:00.002-02:002011-10-30T12:13:33.672-02:00Manuela<span class="Apple-style-span" style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; background-color: rgb(255, 255, 255); ">Caminhava pela rua carregando uma sacola com coca-cola, queijo, peito de peru e sonho. A </span><span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; text-align: -webkit-auto; background-color: rgb(255, 255, 255); "> </span><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; text-align: -webkit-auto; background-color: rgb(255, 255, 255); ">solidão, sua fiel escudeira, lhe acompanhava. Ficou um pouco assustada ao ser abordada por um homem que perguntava se ela falava português. Respondeu que sim. Ele era árabe. Foi elogiada e recebeu um convite para jantar. Disse que não. Ele insistiu e, segundos depois lamentou a resistência da garota e foi embora. Chegou em casa. Guardou as compras. Se embebedou junto com a solidão. Por vários momentos olhava pela janela. Alto ali do sétimo andar, longe via o chão da garagem e se perguntava se o salto seria fatal. Mais um gole. Outro. E outro. Acabou por não decidir por nada. Essa apatia que a consome faz com que ela tome decisões precipitadas, se descontrole, se perca, enlouqueça... Ah essa loucura... jamais </span><span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; text-align: -webkit-auto; background-color: rgb(255, 255, 255); "> </span><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; text-align: -webkit-auto; background-color: rgb(255, 255, 255); ">será perdoada. E assim ela vai levando, implorando para que não acorde na manhã seguinte, assim a providência viria de Deus e não dela. </span><span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; text-align: -webkit-auto; background-color: rgb(255, 255, 255); "> </span><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; text-align: -webkit-auto; background-color: rgb(255, 255, 255); ">E nesse afã de tentar se descobrir, continua existindo.</span><div><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; text-align: -webkit-auto; background-color: rgb(255, 255, 255); "><br /></span></div><div style="text-align: -webkit-auto;"><span class="Apple-style-span" ><b>por Danyella Carvalho*</b></span></div><div style="text-align: -webkit-auto;"><span class="Apple-style-span" ><br /></span></div><div style="text-align: -webkit-auto;"><span class="Apple-style-span" ><br /></span></div><div style="text-align: -webkit-auto;"><span class="Apple-style-span" ><i><br /></i></span></div><div style="text-align: -webkit-auto;"><span class="Apple-style-span" ><i><br /></i></span></div><div style="text-align: -webkit-auto;"><span class="Apple-style-span" ><i>*A amiga Danyella Carvalho escreve pequenos textos sobre mulheres. Cada um para cada nome, completando o alfabeto. Gostei desse sobre a Manuela, nome, inclusive, sugerido por mim. Como o Beco andava precisando ser atualizado e a Dany anda precisando voltar a ter blog, resolvi postar Manuela aqui.</i></span></div>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3634640730474436826.post-50552296193765742032011-09-13T21:23:00.002-03:002011-09-13T21:24:14.453-03:00O menor homem do mundo<div style="text-align: justify;">Por estas ruas e avenidas, por estes becos de palavras duras como pedras, havia um homem. Um homenzinho. Um pouco torto na vida, já que muitas de suas escolhas eram consideradas a contramão da maioria. Era, de fato, um homenzinho diferente. A começar pelo tamanho. Não, não falo de sua altura, nem de seu físico, visto que era até um rapaz magro e de alta estatura, coisa de um metro e setenta e oito centímetros. Não falo, então, de seu tamanho literal. Este rapaz era o menor homem do mundo em outras coisas. Basicamente, tornava-se menor a cada abandono que sofria. E sentia.</div><div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">É que o menor homem do mundo nunca teve ares de sedutor. Cresceu sem tantas paqueras, enquanto os outros rapazes, os maiores homens do mundo, digladiavam-se em uma competição sempre acirrada na arte da conquista. O menor homem do mundo nunca quis, a bem da verdade, entrar nessa disputa. O que ele sempre queria, quando alguma garota diferente aparecia, era chegar de mansinho, com sussurros, e ser companheiro e cúmplice. Quando seu coração ganhava o coração de uma menina, o menor homem do mundo ficava grande. Ficava enorme. Ficava maior que os maiores homens do mundo. E geralmente em estado bestial.</div></div><div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Aí, quando o menor homem do mundo ficava gigante assim, pronto! Era um tal de querer fazer da tal menina a maior mulher do mundo. Sempre. E seguia então o homenzinho fazendo de tudo para fazê-la feliz. Para vê-la bem. E por tantas vezes, o menor homem do mundo trazia, para a menina, a lua, bela e cheia de brilho, em forma de poesia. Ele, o homenzinho. Que tantas vezes ganhava o dia com os sorrisos dela. Que outras tantas vezes velava o sono da maior mulher do mundo, contemplando sua pele macia enquanto afagava seus cabelos. Ele, que tantas vezes ganhava noites e madrugadas pra dar mais força em seus escritos. Porque ela, assim como ele, era uma garota que lia e escrevia.</div></div><div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">E o menor homem do mundo ia cada vez mais se agigantando. Ele, que por tantas vezes dava o seu abraço para que ela pudesse deitar. E a fazia dormir. Ele que, vejam só!, por algumas vezes até lavou pratos e copos para poupá-la de mais trabalho. E que todas as vezes agradecia a Deus por ela existir em sua vida e por ele fazer parte da dela. O menor homem do mundo não cabia em si de tão grande que ficava. Ele, das cestas de café, das flores, dos livros. Dos bombons em tardes difíceis, das desavisadas surpresas. Das conversas de toda ordem, dos emails, da paciência, das gargalhadas deliciosas. Das massagens, dos carinhos, das fotografias. Dos filmes, dos jogos na tevê, das músicas...</div></div><div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Mas é que o menor homem do mundo, mesmo quando era gigante assim, não deixava de ser o menor homem do mundo. Ainda mais quando o coração que havia ganhado o seu coração resolvia deixá-lo, talvez por ser este rapaz o menor homem do mundo. Ele, logo ele! Que tanto fazia para que aquele coração não o esquecesse, tampouco pensasse em esquecer, em deixá-lo. Ele, logo ele, que mesmo sendo o menor homem do mundo, pensava ter algum valor, pensava ter valido a pena tudo o que ele era e o quão gigante se tornava... Ele, logo ele! O homenzinho que só queria ter sido especial. O menor homem do mundo que virou poesia calada e esquecida.</div></div>Unknownnoreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-3634640730474436826.post-65300999691171051822011-08-26T17:59:00.000-03:002011-08-26T18:00:12.161-03:00No meu beco, agora...No meu beco, agora,
<br />as palavras são pedras.
<br />Silenciosas. Silenciadas.
<br />Emudecidas. Duras.
<br />São pedras, agora,
<br />as palavras deste meu beco.
<br />
<br />Era amor-tecido.
<br />Agora, amorticídio.
<br />Amorticínio.
<br />Amortecedores.
<br /> Amor tece dores.
<br /> A morte, cedo, res... vala.
<br />
<br />Resquício.
<br />No meu beco, agora,
<br />As palavras são pedras de silêncio e dor.
<br />Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3634640730474436826.post-29901577240725409222011-02-21T14:55:00.007-03:002011-02-22T16:52:46.648-03:00Vai um bolinho aí?<div align="justify">Há 30 anos é assim. Em uma pequena portinha no quase centenário Mercado Municipal da histórica Cidade de Goiás, estabelecimento simples, apertadinho, com apenas um balcão, uma estufa e uma mesinha em frente, dona Inês Brais Alves, sexagenária, vende o tradicional bolinho de arroz. O morenaço já sai logo de manhãzinha, lá pelas sete e pouco, quentinho de dar água na boca. Bolinho pra gente simples, bolinho pra gente importante; para o desempregado, e para o Governador.<br /><br /><strong>–</strong> As autoridades e os famosos já vieram comer do bolinho de arroz da Dona Inês? De quais a senhora se lembra?<br /><br /><strong>–</strong> Veio muita gente, assim... Quando é dia de aniversário de Goiás, já veio o Marconi, já veio o Alcides, as lideranças deles já vieram tudo comer bolo de arroz aqui... Prefeito de Itapuranga, sabe? Artista eu não lembro, não...</div><div align="center"><br />*** </div><div align="justify"><br />Há uma lenda vilaboense que diz que quem bebe da tal Fonte da Carioca (nome encurtado para o Chafariz do Largo da Carioca, também conhecido como Poço do Bispo, a primeira fonte pública de abastecimento de água do município), sempre retorna à antiga Vila Boa. Mas com o bolinho da Dona Inês, a coisa é mais certa que uma lenda. Ele conquista qualquer um, já na primeira mordida. É saboroso, doce no ponto certo. Quem come, volta à antiga Vila Boa e não deixa de novamente se deliciar com o “primeiro e único” bolinho de arroz, o de Dona Inês. Mulher simples, que aparenta mais idade do que realmente tem, certamente por ter cuidado mais dos onze filhos que de si mesma.<br /></div><div align="justify"><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQXWy4i-stxBuKgsPlxcBPBXvjrsRAeoNT7q_eZcujlXY-MqQpBJd9rUHY4WadAmxCnZ-LqchDtBsN1ckI63ONX-1EtCjwIDJTPde20XvNAwD38sG9HgtSibUjOQbW0LtltPsBDh1_U6Uj/s1600/OgAAABE82XVLzBR7FIvlFDubo_UqOgsqBvD_YItnP_QMjvT1Lm7BjxXdb9cm79JBA0ruMWsGzrHle8GTYfd6hgRixgcAm1T1UC8mu6M-tecLO7KvxZVzkFqLcWGj.jpg"><img style="MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 153px; FLOAT: left; HEIGHT: 200px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5576203933696950050" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQXWy4i-stxBuKgsPlxcBPBXvjrsRAeoNT7q_eZcujlXY-MqQpBJd9rUHY4WadAmxCnZ-LqchDtBsN1ckI63ONX-1EtCjwIDJTPde20XvNAwD38sG9HgtSibUjOQbW0LtltPsBDh1_U6Uj/s200/OgAAABE82XVLzBR7FIvlFDubo_UqOgsqBvD_YItnP_QMjvT1Lm7BjxXdb9cm79JBA0ruMWsGzrHle8GTYfd6hgRixgcAm1T1UC8mu6M-tecLO7KvxZVzkFqLcWGj.jpg" /></a>Quando peço para me contar o segredo do tal bolinho, Dona Inês desconversa, como se quisesse manter o ouro trancafiado, escondido, inacessível. Mas acaba contando alguma coisa:<br /><br /><strong>–</strong> Tempera ele, com os ingrediente, tudo de primeira linha. Agora mesmo nós já vamos amassar. Só coisa boa, tudo muito bem cuidado, queijo bom, fubá bom, sabe? Vai comprar os produtos no supermercado, só coisa boa. Aí tempera, põe ele pra pousar e no outro dia assa...<br /><br />Mulher de poucas palavras - mas que diz muito -, Dona Inês é natural da Cidade de Goiás. Aprendeu a fazer o bolinho ainda muito jovem, quando morava na fazenda com o pai. Depois, mudou-se para Mato Grosso, onde continuou o ofício de fazer a gostosura. De volta à Cidade Patrimônio, conseguiu um ponto no tradicional mercado, onde está há cerca de três décadas, com o seu avental xadrez azul e uma toquinha na cabeça.<br /><br />Há outros locais ali no próprio mercado que oferecem o bolinho de arroz, em tamanho menor. Mas o sucesso do bolo da nossa querida senhora é inegável. Há quem esteja viajando e passe pela cidade só para buscar uma encomenda de dez, vinte, trinta bolinhos – quando é pouco.<br /><br /><strong>–</strong> É um sucesso... O pessoal gosta. E fala quando a gente não vem... “Ah, não... queria levar o da senhora!” – diz Dona Inês, orgulhosa e com um olhar de simplicidade.<br /><br />Dona Inês está sempre ali, o dia todo, com a sua portinha aberta, pronta para atender qualquer um com um bolinho e um copo de café quentinho que acabou de sair. Todos os dias, de domingo a domingo, com sol ou com chuva. Mas há uma vez ou outra em que ela não abre. Quando acontece algo grave, ela conta. Com a ajuda da filha Marilene – que já faz tudo igualzinho à mãe e ainda atende a clientela. Quando é ocasião de festa na cidade, chegam a fazer até dez fornadas, o que representa cerca de mil bolinhos vendidos. Em dias comuns, esse número fica perto de 150 morenaços.<br /><br />– Tira um dinheirinho bom por mês?<br /><br />– Dá pra tirar um dinheirinho bom. Porque a família é grande, né? E ainda tem um menino meu que tem depressão, trato dele também, lá em Goiânia. Dá pra sobreviver. Não sobra muito não, mas dá.<br /><br />E assim, Dona Inês vai seguindo, feliz, vendendo o primeiro e único bolinho de arroz da Cidade de Goiás. Falando pouco, mesmo, mas marcando a vida de muita gente e ganhando a simpatia de todos. É como se a Dona Inês fosse, como a própria cidade, um patrimônio. A vovó de todos nós que nos recebe com gostosuras acabando de sair do forno. Vai um bolinho aí? </div>Unknownnoreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-3634640730474436826.post-15876441158352974322010-12-24T12:33:00.004-02:002010-12-24T12:46:00.804-02:00Minha mensagem de fim de ano!<div align="justify"><span style="font-size:180%;color:#993300;"><strong>Aos queridos e queridas,<br /></strong></span><br />O ano de 2010 está tomando o seu rumo. Está para sair. 2011 bate às nossas portas. O momento, agora, é de fazer novos planos, acertar outros, revisar conceitos, repensar a vida, sonhar mais, muito mais, corrigir erros e tentar, daqui para frente, não repeti-los. É tempo de recomeçar! É tempo de se reinventar. Essa é mensagem que quero deixar a vocês que, de alguma forma, fizeram parte dos meus dias nesse ano que vai embora, que de uma maneira ou de outra estiveram presentes, longe ou perto, com assiduidade ou não.<br /><br />Desejo-lhes, em 2011, o que eu desejo para mim. Claro! Podem ter certeza: a mim eu só desejo o melhor que Deus e a vida têm a proporcionar. Por exemplo? Força, ânimo e sucesso em tudo o que planejar fazer, muita saúde, muita paz de espírito, serenidade, destreza, compaixão, solidariedade, amor, união, coleguismo, renovação, alegrias, diversão, dinheiro, e tudo aquilo que a gente põe na lista de coisas sem as quais a vida não vale a pena e não se faz. Mas são só alguns exemplos, é fato!<br /><br />Que em 2011, o nosso mundo moderno melhore. Eu sei que é clichê, mas por ser clichê não significa que é inválido: se cada um de nós fizer a sua parte, no seu canto, no seu mundinho, em sua casa... Ah, a coisa melhora, podem acreditar. Deixo o texto do grande mestre Chico Anysio, que não só faz humor, mas sobretudo sabe das coisas, sabe da vida... Reflitam:<br /><br /><br /><strong>Monólogo (por Chico Anísio)<br /></strong><span style="font-size:85%;">(Veja no Youtube: </span><a href="http://www.youtube.com/watch?v=qIGYZFDl174"><span style="font-size:85%;">http://www.youtube.com/watch?v=qIGYZFDl174</span></a><span style="font-size:85%;">)</span></div><div align="justify"><br /><em>Mundo moderno, marco malévolo, mesclando mentiras, modificando maneiras, mascarando maracutaias, majestoso manicômio. Meu monólogo mostra mentiras, mazelas, misérias, massacres, miscigenação, morticínio -- maior maldade mundial.<br /><br />Madrugada, matuto magro, macrocéfalo, mastiga média morna. Monta matumbo malhado munindo machado, martelo, mochila murcha. Margeia mata maior. Manhãzinha, move moinho, moendo macaxeira, mandioca. Meio-dia, mata marreco, manjar melhorzinho. Meia-noite, mima mulherzinha mimosa, Maria morena, momento maravilha, motivação mútua, mas monocórdia mesmice. Muitos migram, macilentos, maltrapilhos. Morarão modestamente, malocas metropolitanas, mocambos miseráveis. Menos moral, menos mantimentos, mais menosprezo. Metade morre.<br /><br />Mundo maligno, misturando mendigos maltratados, menores metralhados, militares mandões, meretrizes, marafonas, mocinhas, meras meninas, mariposas mortificando-se moralmente. Modestas moças maculadas, mercenárias mulheres marcadas.<br /><br />Mundo medíocre. Milionários montam mansões magníficas: melhor mármore, mobília mirabolante, máxima megalomania, mordomo, mercedes, motorista, mãos... Magnatas manobrando milhões, mas maioria morre minguando. Moradia meiágua, menos, marquise.<br /><br />Mundo maluco, máquina mortífera. Mundo moderno, melhore. Melhore mais, melhore muito, melhore mesmo. Merecemos. Maldito mundo moderno, mundinho merda.<br /></em><br />----<br /><br /><strong>De coração, UM FELIZ NATAL E UM 2011 FANTÁSTICO!<br />Sintam-se abraçados por mim!<br /><br /><span style="color:#993300;">Carlos Alexandre Cavarzan Camêlo<br />A 24 de dezembro de 2010</span></strong> </div>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3634640730474436826.post-39704283102928110072010-11-04T10:21:00.002-02:002010-11-05T22:56:57.050-02:00CurtinhasNaquela tarde, a pulsão de morte se manifestou nele como nunca. Havia sentido o perfume dela em outra mulher. Quis morrer. Ou matar.<br /><br />***<br /><br />Ele só tinha 140 caracteres para dizer tudo o que sentia naquele momento. Preferiu encontrá-la e beijá-la 140 vezes.Unknownnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3634640730474436826.post-64644515918545138362010-04-25T19:39:00.002-03:002010-04-25T19:44:32.986-03:00Juca Chaves, o Menestrel do Brasil (Parte 2)<div><strong><span style="color:#336666;">Esta é a segunda parte da entrevista concedida a mim pelo cantor e compositor Juca Chaves, o Juquinha, conhecido como Menestrel do Brasil e que completou 50 anos de carreira. Versão reduzida de um bate-papo de uma hora com o artista.</span></strong></div><br /><div><strong></strong></div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlyc_xkoF1P7kt-x5FjGaOv8QB_7A1blyQaYMZXZ0aASofMWYL20aNZbFbB51Socn9q0k-KBkqtcRdY5HMXcjyU3Xe8qQA5Nx1lQtXIXSgZe2P1YkWjjytZ8c-og_Nc6qAuhNBsCK4D2Fy/s1600/ent01-1.jpg"><img style="MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 200px; FLOAT: left; HEIGHT: 300px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5464209498304350530" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlyc_xkoF1P7kt-x5FjGaOv8QB_7A1blyQaYMZXZ0aASofMWYL20aNZbFbB51Socn9q0k-KBkqtcRdY5HMXcjyU3Xe8qQA5Nx1lQtXIXSgZe2P1YkWjjytZ8c-og_Nc6qAuhNBsCK4D2Fy/s400/ent01-1.jpg" /></a> <div><strong>Como foi começar em um momento em que a Bossa Nova estava estourando?</strong><br />Estourou depois. Eu convivi até com iniciantes da Bossa Nova. João Gilberto, por exemplo, gravou um pouquinho antes de mim, mas eu apareci antes dele. Não havia a expressão “bossa nova” e tentaram criar um movimento. Como eu tinha feito “Presidente Bossa Nova” e a música estourou no Brasil todo, começaram a me chamar de “Bossa Nova”. Eu dizia: “não sou”. Quanto mais eu dizia que não era, mais diziam que eu estava querendo entrar no movimento, que não estourava. Em 1961, quatro anos depois que eu já tinha começado a carreira, mandaram um grupo de cantores da Bossa Nova, todos amigos meus, para os EUA, inclusive o João Gilberto. E foi um fracasso. Aí o músico que era casado com a irmã do João Gilberto gostava da música brasileira, da Bossa Nova, e começou a fazer a coisa lá, deu força pra Bossa Nova. Foi um americano. Daí que começou a despertar no mundo. Mas não sou da Bossa Nova, odeio! Aliás, não gosto de Bossa Nova, pelos acordes e pelas letras. Acho as letrinhas muito inocentes. “Barquinho”, “beijinho”, tudo assim... Mas foi divertido, foi um movimento, mas outros já cantavam assim. Eu cantava antes até do João Gilberto.<br /><br /><strong>Como era o Juca Chaves antes da Yara? Sempre foi romântico?<br /></strong>Acho que sim! Eu era solteirão. Namorava muitas meninas porque eram muito bonitas – porque de feio já chega eu quando me olho no espelho, pô!Eu traí algumas meninas, porque elas também me traíram. Mas eu não quis casar com nenhuma delas. Queria namorar.<br /><br /><strong>Até a Yara aparecer...</strong><br />A Yara apareceu e, não sei por que, mudou minha cabeça. A magrinha fez o diabo e usou a beleza deste corpinho bonito (risos). Eu estava na praia passeando com a minha cachorrinha e ela chegou (risos). De cabelinho curto! Todas as minhas namoradas tinham cabelo comprido, ela tinha cabelo curto. Loirinha. Fiquei doido. Foi um namoro muito rápido, muito bonito. Fiquei noivo no Peru e casei na Bahia, num dia 2 de fevereiro, dia de Yemanjá, em homenagem a ela. Quem cantou? Dorival Caymmi, maior presente que eu já podia ter na vida. Caymmi, meu ídolo... Sempre gostei de Caymmi.<br /><br /><strong>Foi nesse momento que “A Cúmplice” foi composta?</strong><br />Eu já tinha feito quando conheci a Yara, antes do casamento, em julho de 1974. E eu aí fiz a música. Eu já tinha começado a fazer uma idéia da música. .Queria uma mulher diferente, assim. Aí eu falei “tá aí, agora vai!”.<br /><br /><strong>Como se tivesse sido uma oração atendida...<br /></strong>Uma oração, sim. Atendida! Exato!<br /><br /><strong>E hoje essa música ainda continua sendo uma oração pra muita gente, não é? Muitos vídeos com a música podem ser encontrados no Youtube...<br /></strong>Isso, eu sei! Eu acho tão bonito isso e fico muito feliz, porque é uma música que deu certo, né? Talvez porque ela não tenha letra, tem poesia. A diferença entre a letra e a poesia... Na sátira eu já uso a letra, bem rimada, às vezes. Na poesia, já uso automaticamente o soneto e aí acrescento mais um verso.<br /><br /><strong>E como se deu a adoção de suas duas filhas, as duas Marias?</strong><br />Foi quando eu tinha 60 anos e a Yara tinha 45. Uma diferença de 15 anos. Eu evitava filho, já tinha feito vasectomia. E ela também usava cápsula do Dr. Elcimar Coutinho. E fomos levando, levando... A Yara já estava numa idade que poderia ser perigoso também. Consultei vários médicos e parti pra adoção. Acho a maneira mais simples, mais romântica... Tão bonito: você vai numa creche e aquelas menininhas todas abrem a mão assim pra você... Aí adotamos as duas. Deu certo a primeira e deu certo a segunda, dois anos depois, de outra creche, de outro lugar. Tanto que uma é alta, a outra é pequenininha. A pequenininha é romântica, carinhosa. A outra é completamente a pá virada, hiperativa.<br /><br /><strong>Seu ritmo de composição continua o mesmo?<br /></strong>Ah, menos um pouco, mas eu gosto de criar. Coisa que eu não gosto, jogo fora. Fiz muita música de caráter neorrenascentista, medieval. É a vida, né? Eu não posso parar. Eu parei dois anos na Bahia e fiquei só vendo televisão. Foi aí que eu tive problema no coração, peguei minha diabete, nasceu a barriga... É merda! Você tem que continuar sempre trabalhando.<br /><br /><strong>Qualquer um é acostumado a ver o Juca Chaves sempre sorrindo, de bem com a vida, contando as suas histórias, suas piadas... Mas o que te tira do sério e desse estado quase constante de bem estar?</strong><br />De um modo geral eu sou assim. Mas me irrita discutir com gente ignorante. Aliás, aprendi a nem discutir. A ignorância das pessoas me irrita... Porque são dogmáticas. São pessoas que acreditam numa coisa só e vai dali. É o religioso fanático, ortodoxo... Me cansa isso, em qualquer religião. Os indivíduos de um ponto de vista só, o politicamente correto. Você tem que, na vida, balançar. Eu sou um libriano, sou desonesto como toda balança de açougueiro. Você tende um pouco pra um lado, mas procura manter um equilíbrio.</div>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3634640730474436826.post-32210390915766712412010-04-22T15:21:00.005-03:002010-04-22T15:31:13.281-03:00Juca Chaves, o Menestrel do Brasil (Parte 1)<strong><span style="color:#336666;">Confira a primeira parte da entrevista concedida a mim pelo cantor e compositor Juca Chaves - em versão reduzida especialmente para o Blog Beco das Palavras:<br /></span></strong><br /><br /><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 210px; DISPLAY: block; HEIGHT: 295px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5463029688355075362" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijK03w0lmJq-Ir8IzkLAjiKxjxAh4bRGvXEZ8u2sYxg8W5rsP2fIw4uDldRAEQy1DAKBT3FyJRxsFSeSdwr1pEOphV9fhyphenhyphen8pjmm63YKaXGUwSo90RQlvu6dg_iirNEoq2VtPUUbdEXedDJ/s320/ent01-2.jpg" /> <div align="center">“Não vai doer”, disse Juca Chaves ao seu violão no momento em que plugava nele o cabo de som. Foram as primeiras palavras do Menestrel do Brasil, após surgir do lado oposto em que se encontrava o telão que acabara de exibir um vídeo com um resumo de sua biografia. Começava o espetáculo Jubileu de Ouro, em Goiânia: mais um show de um ano inteiro de comemorações dos 50 anos de carreira artística, ou “prostituição artística”, como o mesmo ironiza.<br /><br />Quatro músicas tocadas e cantadas ao vivo, sozinho no palco, com o auxílio apenas do instrumental lançado por um técnico de som ao fundo do teatro. Muitas histórias, com trechos de outras canções, e tantas piadas. Tudo muito simples, sem orquestra, a luz concentrada tão somente no Menestrel, na cadeira, no violão. Simplicidade do espetáculo e simplicidade do artista, que toca de branco e com os pés descalços. E um público que se emociona, ri e leva pra casa bons exemplos de Juca Chaves, o artista das sátiras políticas, piadas e modinhas apaixonadas. Que depois de dar pelo menos três entrevistas após o fim do show e, então, mostrar-se cansado para um outro papo mais longo, decidiu marcar comigo no dia seguinte, no hotel, pela manhã. Estaria descansado, e estava. Juquinha falou por uma hora sobre sua vida, músicas, suas filhas, sua mulher Yarinha e, claro, política.</div><div align="left"><br /><br /><strong>Cansado de dar entrevista?</strong><br />Há muitos anos. Mas eu gosto. Gosto! Vai refrescando a cabeça, atualizando, fazendo os neurônios funcionarem...<br /><br /><strong>Esse é um espetáculo de comemoração dos seus 50 anos de carreira, não é isso?<br /></strong>É, o ano todo eu estou comemorando. Festa de Menestrel (risos).<br /><br /><strong>Navegando um pouco pela rede, a gente percebe que você está muito envolvido com a Internet. Tem twitter, blog...<br /></strong>Agora, né? Eu fiz um twitter, um blog e criei o programa que se chama Só Para Inteligentes.<br /><br /><strong>Como é esse programa?</strong><br />É um programa de televisão que eu faço no meu teatro [Espaço Cultural Juca Chaves, em São Paulo], com um público. Começou agora, uma semana atrás [agosto/2009]. Já entrevistei o Ratinho... Entrevistei não. Não tem entrevista. Eu fiz uma coisa tão de bate-papo que não ficou uma entrevista. Isso eu acho gostoso. E tem o público que ri, a gente conta piada e não tem um texto escrito, não tem produção. Sentou naquela “mão” e já vai batendo papo. Eu fiz esse programa na Bahia, durante três anos, chamado Só Para Inteligentes e aí eu batia papo com os artistas da Bahia... Foi muito gostoso!<br /><br /><br /><strong>O que você pensa sobre a pirataria, sobre a distribuição livre de música pela Internet? </strong><strong><br /></strong>Acabou o direito autoral, porque tudo se transformou em um aparelhinho do tamanho de um dedo, no qual você pode gravar 1500 músicas. O rádio começou com a pirataria, principalmente a rádio FM, no Brasil. Estragou a música brasileira, porque a FM descobriu que tinha poder e só começou a tocar porque pagavam. Então, eles escolhiam. Foi uma imposição de músicas que eles queriam, ou não. Há os artistas que reagiram, conseguiram manter... Por exemplo, Roberto Carlos... não toca uma música do nosso Rei há 500 anos. Porem, ele, sozinho, como não apareceu ninguém melhor, ficou. A rádio verdadeira é a AM porque ela fala com o ouvinte, ela não impõe...<br /><br /><strong>Como surgiu essa denominação de Menestrel?</strong><br />Quem me deu foi o maior jornalista, por sorte a minha, do Brasil... Ele é o maior repórter do Brasil. Passou pelas quatro guerras e fez as quatro. Flávio Alcaraz Gomes, do Zero Hora e da Rádio Guaíba, lá do Rio Grande do Sul. Quando eu fui lá primeira vez, disse-lhe: “sou o trovador”. 53 anos atrás, foi no início, segundo lugar que eu fui. Aí ele falou: “não, tu és um menestrel, não és um trovador”. Eu achei aquilo bom, ele me explicou o que é o menestrel. E falou: “você faz exatamente o que faz o menestrel”, que canta as cantigas de escárnio, de maldizer, critica o rei, faz a sua trova de amor para a sua amada. E não tem ninguém, trabalha sozinho. Sem querer, eu fui isso. </div><div align="left"><br /><span style="font-size:85%;color:#990000;">*Confira a segunda parte da entrevista no domingo, 25 de abril/2010.</span></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3634640730474436826.post-54485036669449230632010-04-16T08:46:00.003-03:002010-04-16T08:49:24.955-03:00Das cartas que eu não escrevo mais:<strong><span style="color:#336666;">SE ESSA RUA FOSSE MINHA...</span></strong><br /><br /><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 140px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5460700670816374306" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgek_Eu3tfjxadndalZKc4jomDrKQDH6KPdotAfZ8fc6yMrFAXXVt8GaeqAFMjZPOT8IQo6622pV7DijxtEDu1_DKQGo8mFU0fmiNgZzcmg5dFGQDbjCFTAQVBuSiQvbmSgcdFOsQ4zBZLa/s400/amor05.jpg" />Se essa rua, se essa rua fosse minha, eu não só mandava ladrilhar com pedrinhas de brilhante, como também lhe entregaria de bandeja, assim, só pra você passar. Ninguém mais poderia passar. Entregaria de bandeja a você, assim como lhe entreguei o meu coração, o meu amor.<br /><br />Eu também mandaria pintar a faixa de pedestre com um "amo-te", assim na seqüência real, lendo normalmente; e seria um "e toma", lido de trás para frente. E toma tudo o que lhe entrego.<br /><br />No bosque dessa minha rua, dessa nossa rua, não haveria a solidão, não haveria descaso, não haveria atropelamentos, porque não amaríamos acidentalmente. Eu veria você passar, só você passar, todos os dias... A musa em forma de anjo, que desfila só pra mim, na rua que eu criei!Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3634640730474436826.post-43845554676803788572010-03-31T00:49:00.002-03:002010-03-31T00:51:34.145-03:00Exército de um homem só<div align="justify">Ah, coração!, exército de um homem só. Apenas, e só. Último soldado de uma guerra interna. Interminável. Pedaços soldados: porque só é dado, inteiro, e no resgate. Um sobrevivente! E há resgate, quando ouve ao longe, bem longe, algum sussurrar inquietante que parece suplicar: volte a bater, o quanto antes, o quanto puder. Coração que bate, apanha, mas volta a bater. Reticente e inocente, sofrível vencedor.<br /><br />Ah, coração! Como ousa ser tão só? A guerra, interminável, acabou. O sussurrar que suplica, implora. De quem é a voz? É somente uma única voz? Ah, exército de um homem só, a procura de um abraço, ao menos um abraço, porque “abraçar é encostar um coração no outro”, sempre diz Apoena. E encostar um coração no outro é juntar dois exércitos. Não mais guerra! Não mais soldados. Não mais pedaços. Reconstrução. Paz.<br /><br />Ah, coração! Não ouse enlaçar-se só, hipnótico, inerte, rumo ao enforcamento. Um não ao amoricídio eterno. A contradição indesejável do órgão que fala calado, e grita baixo, e se silencia querendo berrar. Não caber em si de tanto... Vazio! Um vazio bem cheio, sempre do bom e do melhor. Transfusão que percorre veias, pulsante, mas um sangue órfão. Sangue viúvo do último soldado. Ah, exército de um homem só!</div>Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3634640730474436826.post-44819480431378111502010-03-25T14:58:00.005-03:002010-03-25T15:04:02.365-03:00Das cartas que eu não escrevo mais:<strong><span style="font-size:130%;color:#336666;">DOCE AMOR<br /><br /></span></strong><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 140px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5452633156723329906" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBFAGkTQagOkXt83DLtGydcllTmE9kAFf-wK7AxUzrX-454WEU1BWMcxKRd70vM26JGC-ZI7EUNfpNWNWwgPprjZIaDRUp21TFYb5Td9KrjufzRtmGHUG5IH9Ymga9b-rcuhudI5EWe0DZ/s400/amor02.jpg" /> <div align="justify">Depois de muito tempo, ela me sorriu. Percebi, a partir de então, que meu mundo girava diferente. Senti uma calma que há muito não me tomava o corpo e o coração. Presságios de momentos bons, horas depois. E não deu outra.<br /><br />A sua especialidade em me emocionar e em me estremecer é tamanha que eu não ouso dizer qualquer coisa. Aquele sorriso. Ah, aquele sorriso tão diferente! Eu percebo você, mesmo quando você nem está percebendo. Eu percebo você nos mínimos detalhes seus, e eu contemplo. Você respira mais, eu respiro mais.<br /><br />Os olhares, mais uma vez, se encontram e não se desviam. Pelo contrário, se alegram por isso. Clareia a minha vida, num brilho eterno. Eu não choro mais, não de tristeza... Não há como duvidar, ou entender; parece não fazer tanto sentido. Mas, e daí? As coisas não têm que fazer esse sentido todo!<br /><br />Crendo que minha ausência sempre fez algum sentido, ainda que pouco, percebo que o tempo resolve e a saudade une as almas... Um pouco mais maduro, talvez. Deveras mais feliz, ao certo, ao seu lado... E vejo quão doce é o meu amor!</div>Unknownnoreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-3634640730474436826.post-46380294111924503542010-03-15T15:48:00.003-03:002010-03-15T21:10:37.383-03:00"Saboreando a saudade"<div align="justify"><strong><span style="color:#336666;">Hoje, 15 de março, duas queridas grandes amigas fazem aniversário. Ana Paula Caixeta e Mariana Nunes. Decidi fazer uma homenagem às duas, que estão relativamente longes de mim, seja pela distância física, ou tão somente pelo caminho diferente tomado na vida. Mas são, de qualquer maneira, muito queridas, e que não fogem da minha memória, nem perdem o carinho que tenho há anos. A elas, desejo não só aquele "parabéns" de praxe. A elas, desejo que a vida seja intensa, sempre. Que continuem pessoas exemplares. Que tenham sempre muito amor em tudo e que o sucesso seja apenas uma consequência das escolhas, dos caminhos, das lutas. Pessoas especiais, não preciso desejar que sejam.<br /><br />Quero dizer que tenho muita saudade das duas e, para homenageá-las neste dia, resolvi publicar o texto de uma delas. Ana Paula escreveu o que eu gostaria de escrever para definir esse sentimento profundo da saudade, do "sentir falta", em suas mais variadas formas e manifestações. Sentimento que eu e qualquer um sente e que todos temos alguma dificuldade em definir. Ana Paula soube fazê-lo bem! A nós, resta-nos ficar aqui "Saboreando a saudade":</span></strong><br /><br /><br /><strong><span style="font-size:130%;">Saboreando a saudade<br /></span></strong><span style="font-size:85%;">por Ana Paula Caixeta</span><br /><br />Saudade é doce. E como tudo que é doce, seduz através dos olhos. Olhos que lacrimejam; gotas de uma tristeza que transborda do rio de emoções cujo trajeto desfigura a face mais bela da dama mais admirável. E há risos e choros, misto de lembranças e projeções - de um futuro incerto. De que vale, contudo, a certeza? Se são das dúvidas mais incipientes que surgem as teorias mais célebres, o certo é a imprecisão das idéias – e dos momentos. Saber aproveitar esses pequenos segundos de devaneios poderia fazer de um simples leitor o mais glorioso escritor; ou de um singelo admirador o mais galante conquistador.<br /><br />Saudade é de um amargo desestimulante. E afasta o melhor sabor deixado pelo tempo no qual não se pode parar – sequer voltar. E traz à tona as piores situações, as mais marcantes decepções. Não há como esquecer, tampouco reviver – ou mudar. O passado não se muda; o futuro não se sonha; o presente, dizem, vive-se. Ainda que viver traga dor e angústia.<br /><br />Saudade é azeda. E o acre da saudade encontra-se justamente no seu conteúdo tolo e desconcertante. Nem o açúcar do melhor chocolate, ou o mel da melhor qualidade são capazes de reverter o ácido das cicatrizes que marcam a realidade inglória de uma vida boêmia.<br /><br />Saudade é salgada. E esse sal se projeta nas águas do mar, escondendo nas profundezas mais longínquas as palavras ditas aleatoriamente e esquecidas em um baú lacrado. Como piratas, desvendam-se seus mistérios e abarcam-se feito tesouro intocável os pensamentos formados, as frases prontas em um tempo de inspiração. E não há mais dicionário que explique o significado daquele amontoado de letras. Há que se sentir, novamente.<br /><br />Saudade é assim, um misto de sensações e gostos. Ter paladar apurado é saber reconhecer cada sabor da saudade em seus infinitos momentos, fazendo disso maravilhosas receitas de como viver na ausência de muitas pessoas queridas ou mesmo de objetos e anseios deixados lá atrás, na caixinha da memória. Bem da verdade, dentro do coração. </div>Unknownnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3634640730474436826.post-14173267528654975022010-03-10T21:17:00.016-03:002011-12-07T00:50:48.016-02:00Das cartas que eu não escrevo mais (a série)<div align="left"><span style="color:#336666;"><strong>O texto abaixo foi escrito em 2005 e postado no meu blog da época. Foi escrito após ter assistido aos filmes <em>Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças</em> e <em>Efeito Borboleta.</em> Foi o meu primeiro escrito falando de amor, e para um amor, provavelmente o primeiro, o mais intenso que já tive e do qual, hoje, guardo boas lembranças e apenas elas. Então, fique agora com o primeiro texto da série "Das cartas que eu não escrevo mais":<br /><br /></strong></span></div><div align="left"><strong><span style="color:#336666;"></span></strong></div><div align="left"><strong><span style="color:#336666;"></span></strong></div><div align="left"><span style="font-size:130%;"><strong></strong></span></div><div align="left"><span style="font-size:130%;"><strong>CONDICIONAL , OU "E SE..."</strong><br /></span></div><div align="left"><span style="font-size:130%;"></span></div><div align="center"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify">Foi que eu fiquei pensando naquela carta que eu não lhe escrevi. Pensando naquele filme que não assistimos. Naqueles nossos desencontros. De repente, tudo some... Não! O que está acontecendo? Eu não posso agora, não posso agora e, depois, tudo some assim, sem eu ter escrito nada pra me lembrar depois, pra eu sentir depois. Sonhar? Só depois.<br /><br /></div><div align="justify"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 327px; DISPLAY: block; HEIGHT: 247px; CURSOR: hand" border="0" alt="" src="http://mteresabr.files.wordpress.com/2008/12/borboleta.jpg" /><br />Fiquei mesmo pensando. E se eu não tivesse visto você de uma maneira diferente? Se eu não tivesse marcado aquele encontro? Encontro que nunca aconteceu. Um filme que nunca assistimos. Um tempo que nunca tivemos. E se eu não tivesse lutado? E se não tivéssemos trocado aqueles olhares, pretensiosamente? Se não tivéssemos nos encontrado por acaso? Foi o acaso?<br /><br />Não encontro respostas. Nunca as tive e não vai ser agora que elas vão me aparecer, assim, do nada, como aquele inseto que nos visitou enquanto caminhávamos não me lembro onde, nem quando. Eu disse: “olha só, meu bem, que bela, tão raro!”. E você, introspectiva como sempre: “hei! É só uma borboleta.” E a tal borboleta sumiu de nós. Sua fala tanto me desconcertou que... eu perdi aquela borboleta colorida. Logo percebi que estava ela sobre a mais linda flor, que já havia ficado pra trás. Um outro rapaz retirou a flor com cuidado da planta e a entregou a sua amada.<br /><br />Fiquei pensando: e se você não tivesse me desconcertado? E se eu não tivesse perdido aquela borboleta naqueles instantes? E se a mais linda flor tivesse sido entregue em suas mãos, mãos que tanto me estremecem?<br /><br />Penso mais um pouquinho... Eu que nunca fui de questionar. E se eu tivesse questionado? E se eu não tivesse sentido a sua falta? E se eu não tivesse agido por impulso? Talvez é o acaso que rege o mundo! Que rege a borboleta...</div>Unknownnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3634640730474436826.post-69434723445291901352010-03-04T15:41:00.006-03:002010-03-04T15:52:13.942-03:00O Quarto do Filho – o delicado drama de um psicanalista<div align="justify"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJKQd9vA6j6-95ER-K6ZxR9tPKw85IpJm75wZRiS0hDYDv1It1qPf3bnrG36CQKs0MVGH1_3itzH7d0iULYW1DvBCa_pk2ako6yCMv3nH1GY2KqMAbzsup8PZB0Z4UEEPVaX-5BFl5cL2m/s1600-h/kaos3.gif"><img style="MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 146px; FLOAT: left; HEIGHT: 200px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5444851303606850242" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJKQd9vA6j6-95ER-K6ZxR9tPKw85IpJm75wZRiS0hDYDv1It1qPf3bnrG36CQKs0MVGH1_3itzH7d0iULYW1DvBCa_pk2ako6yCMv3nH1GY2KqMAbzsup8PZB0Z4UEEPVaX-5BFl5cL2m/s200/kaos3.gif" /></a>Quando ouvimos uma música em nosso toca disco, podemos, com o apertar de um simples botão do controle-remoto, voltar atrás, ouvir a canção novamente, ou a partir de um determinado ponto. A vida, no entanto, não dispõe desse artifício; não podemos rebobiná-la e evitar certos acontecimentos. Esse é o drama em que se encontra o pai de família Giovanni Sermonti, no longa italiano O Quarto do Filho (La Stanza Del Figlio, 2001), do diretor Nanni Moretti, que também é responsável pelo roteiro e interpreta o personagem em questão.<br /><br />Giovanni tem, aparentemente, uma vida normal na pacata cidade de Ancona, na Itália. Esposa, dois filhos adolescentes – o garoto Andrea e a menina Irene. É psicanalista. Ouve problemas, lamentações, delírios de toda ordem e dá conselhos. Logo no começo do filme, ele recomenda a um de seus pacientes um relacionamento mais calmo com a vida e não se sentir culpado por tudo o que acontece. É a leveza que todos procuram.<br /><br />Ótimo conselho, ainda mais vindo de um psicanalista, que certamente não deve ter esse tipo de problema, já que conhece tanto a mente humana e tem saída para tantas situações, correto? Nem tanto! Giovanni não consegue seguir a própria dica. Muita atenção para tanta gente, pouca aos filhos. Passa mais tempo no consultório que com a família. E não consegue lidar com a perda do filho em um acidente no mar.<br /><br /><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 181px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5444852863579547810" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWRuBZnL9oFHlVL2_9VwKXOzuhHy0Pj6TB8gAhPaqKOJqO8sM50H20SXf5S3j5MJJT2MZ00GysU3DXb5PlpmNTPAqgTs_Q-FoTXeMUCKT59GePlmh38yLSkfF2QXl4EsLjOJRQwTEBwoz7/s320/stanza3.jpg" /> </div><div align="justify"></div><div align="justify">Não consegue, por se sentir culpado. Na manhã de um domingo, Giovanni convida seu filho Andrea para uma corrida juntos. Seria, possivelmente, um dos raros momentos dos dois. Na mesma hora, porém, o telefone toca: Giovanni corre para atender o chamado urgente de um paciente. O filho vai mergulhar com amigos e, então, a tragédia acontece: morre afogado. Giovanni se afunda no remorso por ter deixado de acompanhar o filho para ir amparar o paciente e sua vida se transtorna.<br /><br />Mas a vida não é uma música que podemos voltar atrás. Isso, inclusive, é uma cena marcante e que, certamente, passa sem ser percebida como metáfora. Giovanni, a mulher e sua filha estão em casa, cada um em seu canto. Ele está ouvindo uma música em alto volume e começa, insistentemente, a rebobiná-la, vezes e mais vezes. Se pudesse voltar e ser mais presente, ter mais momentos com o filho e evitar o passeio no mar – ou pelo menos acompanhá-lo...<br /><br />São 98 minutos de um delicado drama do nosso mundo, da nossa época. A trilha sonora tem destaque: dá uma dose de emoção para as cenas mais fortes. A montagem das cenas muito bem pensada: o enredo e o problema central são “entrelaçados” por cenas de Giovanni em seu consultório, onde curiosamente descobrimos muito sobre o psicanalista. Que sente a presença do filho quando recebe a visita de sua namorada secreta. Ela lhe mostra fotos do menino em seu quarto, o quarto do filho que o pai quase não entrava. O momento com a família na praia e risos sem motivação específica dão um belo final à trama, vencedora da Palma de Ouro no Festival de Cannes em 2001.</div>Unknownnoreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-3634640730474436826.post-39933288490317132602010-03-02T19:26:00.002-03:002010-03-02T19:32:36.108-03:00VenenoEntre muitos amigos que fiz na Cidade de Goiás – ao lá morar e trabalhar, está o roteirista e diretor de belas cenas e documentos audiovisuais Lázaro Ribeiro. Veneno é uma de suas produções, que versa sobre o maestro João Ribeiro, importante figura no contexto histórico da Antiga Vila Boa, Cidade Patrimônio.<br /><br />O maestro João Ribeiro compôs para bandas da cidade, para o cinema mudo, para igrejas, para o carnaval... A marchinha “Veneno” é uma de suas inúmeras composições. Veja, abaixo, a versão reduzida do documentário.<br /><br /><object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/YWVmRb9L4gU&hl=pt_BR&fs=1&"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/YWVmRb9L4gU&hl=pt_BR&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object><br /><br /><span style="color:#990000;"><strong>"Veneno"</strong> </span><br /><br /><em>Produção: Lázaro Ribeiro e Cássia Reis<br />Pesquisa: Lázaro Ribeiro, Cássia Reis e Maria de Fátima Cançado<br />Direção, roteiro e fotografia: Lázaro Ribeiro<br />Edição e programação visual: Marcelo Coutinho</em>Unknownnoreply@blogger.com1