quarta-feira, 10 de março de 2010

Das cartas que eu não escrevo mais (a série)

O texto abaixo foi escrito em 2005 e postado no meu blog da época. Foi escrito após ter assistido aos filmes Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças e Efeito Borboleta. Foi o meu primeiro escrito falando de amor, e para um amor, provavelmente o primeiro, o mais intenso que já tive e do qual, hoje, guardo boas lembranças e apenas elas. Então, fique agora com o primeiro texto da série "Das cartas que eu não escrevo mais":

CONDICIONAL , OU "E SE..."
Foi que eu fiquei pensando naquela carta que eu não lhe escrevi. Pensando naquele filme que não assistimos. Naqueles nossos desencontros. De repente, tudo some... Não! O que está acontecendo? Eu não posso agora, não posso agora e, depois, tudo some assim, sem eu ter escrito nada pra me lembrar depois, pra eu sentir depois. Sonhar? Só depois.


Fiquei mesmo pensando. E se eu não tivesse visto você de uma maneira diferente? Se eu não tivesse marcado aquele encontro? Encontro que nunca aconteceu. Um filme que nunca assistimos. Um tempo que nunca tivemos. E se eu não tivesse lutado? E se não tivéssemos trocado aqueles olhares, pretensiosamente? Se não tivéssemos nos encontrado por acaso? Foi o acaso?

Não encontro respostas. Nunca as tive e não vai ser agora que elas vão me aparecer, assim, do nada, como aquele inseto que nos visitou enquanto caminhávamos não me lembro onde, nem quando. Eu disse: “olha só, meu bem, que bela, tão raro!”. E você, introspectiva como sempre: “hei! É só uma borboleta.” E a tal borboleta sumiu de nós. Sua fala tanto me desconcertou que... eu perdi aquela borboleta colorida. Logo percebi que estava ela sobre a mais linda flor, que já havia ficado pra trás. Um outro rapaz retirou a flor com cuidado da planta e a entregou a sua amada.

Fiquei pensando: e se você não tivesse me desconcertado? E se eu não tivesse perdido aquela borboleta naqueles instantes? E se a mais linda flor tivesse sido entregue em suas mãos, mãos que tanto me estremecem?

Penso mais um pouquinho... Eu que nunca fui de questionar. E se eu tivesse questionado? E se eu não tivesse sentido a sua falta? E se eu não tivesse agido por impulso? Talvez é o acaso que rege o mundo! Que rege a borboleta...