domingo, 30 de outubro de 2011

Manuela

Caminhava pela rua carregando uma sacola com coca-cola, queijo, peito de peru e sonho. A solidão, sua fiel escudeira, lhe acompanhava. Ficou um pouco assustada ao ser abordada por um homem que perguntava se ela falava português. Respondeu que sim. Ele era árabe. Foi elogiada e recebeu um convite para jantar. Disse que não. Ele insistiu e, segundos depois lamentou a resistência da garota e foi embora. Chegou em casa. Guardou as compras. Se embebedou junto com a solidão. Por vários momentos olhava pela janela. Alto ali do sétimo andar, longe via o chão da garagem e se perguntava se o salto seria fatal. Mais um gole. Outro. E outro. Acabou por não decidir por nada. Essa apatia que a consome faz com que ela tome decisões precipitadas, se descontrole, se perca, enlouqueça... Ah essa loucura... jamais será perdoada. E assim ela vai levando, implorando para que não acorde na manhã seguinte, assim a providência viria de Deus e não dela. E nesse afã de tentar se descobrir, continua existindo.

por Danyella Carvalho*




*A amiga Danyella Carvalho escreve pequenos textos sobre mulheres. Cada um para cada nome, completando o alfabeto. Gostei desse sobre a Manuela, nome, inclusive, sugerido por mim. Como o Beco andava precisando ser atualizado e a Dany anda precisando voltar a ter blog, resolvi postar Manuela aqui.

Um comentário:

Danyella Carvalho disse...

Penso que a Manuela precisa se encontrar, e quem sabe, talvez, jantar com aquele árabe.